Como a música ficou grátis - Stephen Witt

Resumo GoodReads: Uma trama impressionante envolvendo música, crime, dinheiro e obsessão, cujos protagonistas são magnatas, pesquisadores respeitados, criminosos e adolescentes nerds fissurados em tecnologia.

★★★★☆

“Como a música ficou grátis” é uma análise dos fatos que aconteceram com a indústria fonográfica acabou dando vários tiros nos pés até que músicas fossem gratuitamente distribuidas pela internet.

E não, não estamos falando sobre as “rádios online” que hoje estão em todos os lugares. O livro acaba antes dessa explosão, mas a história contada deixa relativamente explicado do porque essa explosão aconteceu, se você conseguir ligar as linhas.

O livro se foca na história de três pessoas (principalmente): Doug Morris, produtor musical que descobriu vários artistas de ponta, principalmente no mundo do rap; Karlheinz Brandenburg, do Instituto de Erlagen-Nuremberg, que trabalhou no formato hoje conhecido como MP3; e, finalmente, Dell Glover, que trabalhou numa das fábricas de prensagens de CDs da Universal Music e conseguiu vazar vários álbuns antes dos seus lançamentos oficiais.

Embora o livro conte, de forma bem explícita, como a vida dessas três pessoas influenciou uma indústria inteira, eu fiquei com a impressão que acontecimentos realmente importantes nessa história tenham ficado de lado. Por exemplo, a explosão do Napster é contada rapidamente, pulando da sua criação diretamente para o fechamento da empresa (os criadores do Napster, Shawn Fanning, John Fanning e Sean Parker são mencionados de relance, apenas); o lançamento do iPod também é colocado em segundo plano, apesar de ter sido o expoente máximo do MP3 na época apresentada pelo livro; BitTorrent aparece, mas apenas como um novo formato de distribuição para substituir o Napster; o Oink’s Pink Palace ganha mais proeminencia que o Pirate Bay; e, como dito inicialmente, a explosão das “rádios de internet” sequer é mencionada (ok, fala-se rapidamente do Spotify, mas é isso).

Pode ser que o ponto do livro fosse, realmente, apresentar os fatores que não foram apresentados ao público, deixando os fatos mais “populares” de fora e apresentando o que estava acontecendo por baixo dos panos. Mas ainda assim, é estranho que coisas com relativa importância no contexto global da ação tenham sido sumariamente ignorados.

Outro problema com o livro é a leitura. Por algum motivo, o conteúdo é complicado de ser lido, possivelmente porque vai construindo hipótese sobre hipótese e contexto sobre contexto, o que deixa o livro “lento” de ser lido.