Bacurau (2019)

Resumo da Wikipedia: Num futuro próximo, Bacurau, uma pequena cidade brasileira no oeste de Pernambuco, lamenta a perda de sua matriarca, Carmelita (Lia de Itamaracá), que viveu até os 94 anos. Dias depois, seus habitantes aos poucos percebem algo estranho acontecer na região.

★★★★☆

Quando comecei a ver o filme, já fui avisado: "É estranho". E é, mas isso funciona a favor do filme.

No meio do filme, fiquei com a impressão que eu estava vendo a versão nacional de "O Alvo", com a diferença que ao invés dos caçadores serem pessoas ricas, agora são estrangeiros -- e, com nosso espírito de "vira latas", óbvio que eles fazem o que querem aqui.

No meio do filme, fui conferir a Wikipedia (em inglês) e a mesma cita o filme como sendo "Weird Western". E sim, faz todo sentido: O "pueblo" pobre, mas que sobrevive sozinho, os homens poderosos que vêem as pessoas do pueblo como algo a ser utilizado e/ou apenas um entrave. E, por cima, como as pessoas do pueblo são simplórias.

E, estranhamente, essa "simploriedade" funciona bem até mesmo para a história. Logo no começo, aparece uma "nave espacial" voando, e um dos "simplórios" vê e fica abismado. Nesse ponto é que a gente começa a se perguntar "mas o que diabos?"

E essa visão, de novo, trabalha a favor do filme. Num momento mais tarde, esse personagem fala para outro: "Olha, o pessoal tá andando por aí com um drone. Fica de olho." A visão da simploriedade, de repente, é desfeita nesse momento e toda a visão de "vira lata" é desfeita. Sim, é um pueblo; sim, as pessoas levam uma vida simples; sim, os estrangeiros parecem mais "modernos". E não, isso não os deixa superiores aos moradores do pueblo.

E essa visão, esquisita até, é que é o ponto importante do filme. Essa esquisitice de apresentar de forma simplória e não ser simplório é que dá a virada inteira do filme.

A única coisa que eu tenho que perguntar é: mas precisamos de um western? É claro que vemos Clint Eastwood defendendo pueblos e achamos o máximo, e nosso nordeste é recheado de cidades pueblos, mas será que precisamos explorar isso usando conceitos que nos são... Estrangeiros?